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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O 7 de setembro em Bom Conselho - Maçonaria




Por Diretor Presidente (*)

Infelizmente, como já disse, não pude assistir ao desfile de 7 de setembro, completo. Cheguei muito cedo, ouvi alguns exaltados oradores, e um pouco de nossa maçonaria, que se não me falha a memória é Segredo e Caridade. Tirei também algumas fotos e tive que partir para o bairro de São Rafael, onde encontrei o Seu Salviano, cuja conversa, contarei outro dia.

Durante o pouco tempo que lá estive, deu para notar certas coisas que merecem ser comentadas e, se possível explicadas. Quanto ao número de pessoas presentes não é possível fazer uma avaliação, pois o desfile ainda nem havia começado. Apenas as solenidades de praxe, como hasteamento da bandeira, discursos e saudações. Deu para ver, entretanto que o pequeno público daquele momento, se mostrava interessado no que acontecia, e deveria estar lembrando do último ano, quando alguém falou sobre as margens do Riacho Ipiranga onde D. Pedro proferiu as palavras mágicas, que tornaram o Brasil independente: “Abra Cadabra!” E então nos tornamos uma grande e rica nação. Óbvio, como qualquer mágica, só dura o tempo de chegar algum Mister M, e descobrir seus segredos.

Eu estava ali e lembrei agora que o D. Pedro I era maçom. Todos sabem que ele teve bastante influência da maçonaria, e dela fez parte, desde foi proposta sua iniciação pelo José Bonifácio de Andrade e Silva, que era o Grão-Mestre da Ordem do Grande Oriente do Brasil, em assembleia realizada no dia 13 do 5º mês maçônico do Ano da Verdadeira Luz, 5822, que em nosso calendário corresponde ao 02 de agosto de 1822. Conta ainda a nossa história, através do registro de ata desta sessão, que foi “aceita a proposta com unânime aplauso, e aprovada por aclamação geral, foi imediata e convenientemente comunicada ao mesmo proposto, que se dignando aceitá-la, compareceu logo na mesma sessão e sendo também logo iniciado no primeiro grau na forma regular e prescrita na liturgia, prestou o juramento da Ordem e adotou o nome heróico de Guatimozin”. Em outra sessão, do dia 5 de agosto, Guatimozin recebeu o grau de Mestre Maçom.

Em uma ata posterior, do dia 17 de junho de 1822, menciona-se que a Assembléia decidiu ser imperiosa a proclamação da independência do Brasil e da realeza constitucional, na pessoa de D. Pedro. Mostra, também, que o dia da sessão, 20º dia do 6º mês maçônico do Ano da Verdadeira Luz de 5822, era o dia 9 de setembro. Isso porque o Grande Oriente utilizava, na época, um calendário equinocial, muito próximo do calendário hebraico, situando o início do ano maçônico no dia 21 de março (equinócio de outono, no hemisfério Sul) e acrescentando 4000 aos anos da Era Vulgar. Desta maneira, o 6º mês maçônico tinha início a 21 de agosto e o seu 20º dia era, portanto, 9 de setembro, como diz o Boletim de 1874. Muitos ainda confundem esta data com 20 de agosto, que é Dia do Maçon no Brasil, mas isto é um erro histórico, embora não esconda o fato de que a Maçonaria atuava ativamente na direção da independência, particularmente através do Grão Mestre José Bonifácio e do Primeiro Vigilante, Ledo Ivo.

Tudo isto é para mostrar que o Blog da CIT também é cultura, e comentar o nosso grande desfile, explicando porque a maçonaria é tão prestigiada neste evento, além de sua importância histórica em nossa cidade.

Eu, me considero quase um maçon. Pois passei alguns dos melhores anos de minha vida tentando desvendar seus segredos e mistérios que povoavam nossa imaginação infantil, minha e de meus companheiros da Rua da Cadeia, onde tivemos por vários anos a sede da Loja Maçônica Segredo e Caridade. Nossa atividade principal da época, “jogar bola”, tinha seu lugar principal em frente ao prédio, que era prá lá um pouco da casa de D. Noca, também famosa por ter recebido o Waldick Soriano. Além disto, lembro bem, a entrada era pelo oitão do prédio, onde havia uma porta onde cometíamos todos os pecados possíveis e imagináveis, em pensamentos, palavras e obras. Se aquela porta falasse, os segredos de nossa maçonaria não seriam tantos quantos aqueles que seriam revelados pela nossa turma.

Atrás do prédio, onde havia um terreno de onde avistávamos o Colégio N. S. do Bom Conselho, estava o palco sem cortinas de nossas brincadeiras de caverna, bandido e mocinho e outras, menos inocentes, que nós inocentes crianças cometíamos. Mesmo tentando olhar para dentro da maçonaria, quando havia reuniões, através da fresta da porta, nunca foi possível descobrir se era verdade que os maçons quando se reuniam matavam um bode preto, ou alguma criança xereta. Só os mais corajosos se arriscavam a olhar. Um deles, que era tão corajoso quanto mentiroso, por isso não posso por a mão no fogo por ele, mesmo sendo meu amigo, disse que, quando olhou, só viu um jato grande de sangue jorrando de um vaso. Eu fiquei apavorado, pois naquela época, por terem sido acusados pela Igreja Católica de terem matado o D. Vital, estas duas instituições viviam como cão e gato. Hoje eu não sei se podemos convidar para a mesma mesa o Dr. José Tenório e o Monsenhor Nelson. Naquela época isto seria impensável.

Só sei que o desfile foi muito bonito, e pedimos ao nosso colega Jameson Pinheiro, para fazer um filme do evento, e usamos algumas fotos do SBC, pois o Saulo, seu administrador, nos horários de folga do seu novo cargo, de secretário de controle interno, ou através de terceiros, nos atendeu e o site voltou a cumprir sua grande missão de divulgação de nossa terra, pelo menos iniciou, ao que todos agradecemos. Tenho certeza de que com esta nova responsabilidade, sua protuberância abdominal diminuirá bastante, e o terno de Antônio da Tupi (ou seria de Seu Genésio?), começará a lhe cair melhor.

Este texto não ficaria completo sem mencionar minha satisfação em rever pessoas com as quais convivi e ainda convivo, como José Maria Pereira de Melo, Arnaldo de Naduca, que conheci ainda menino, dando trabalho aos professores do São Geraldo, Dr. José Tenório, que tinha um irmão mais novo que a turma chamava de Fernando Oião, não sei porque, onde estará ele? Neinha, de cuja voz, nos próprios desfiles de sete setembro, jamais esquecerei. O Paulo Luna, que já comprou seu caixão, segundo li em algum lugar, se não for verdade, me desculpe, mas se for verdade, digo, pelos exemplos que tenho, que a melhor forma de não morrer é comprar o próprio caixão ou a própria mortalha. Eu já encomendei minha urna, pois vou ser cremado. Exigi apenas que tivesse gravado nela uma imagem da Serra de Santa Terezinha, e que, quando minhas cinzas forem jogadas no Açude da Nação, poupem a urna, e a coloquem lá na Ermida, juntinho do retrato de Padre Alfredo. Estarei mais perto do céu.

Antes de terminar, houve uma coisa neste desfile que não entendi: O que faziam as mulheres garbosamente vestidas que desfilavam com a Maçonaria? Pelo que me consta, maçonaria e mulheres eram incompatíveis. Vou perguntar a Lucinha para ver se ela está sabendo de algum avanço nesta área.

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(*) O texto acima foi originalmente publicado no Blog da CIT (aqui)


(Zé Carlos – Administrador da AGD)

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