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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

NECO CATITA!




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Toda cidadezinha tem um habitante folclórico que é conhecido em toda região. Neste caso aqui, todos conheciam Nicolau, conhecido por seu Neco. Um homem franzino, pouco mais de um metro e cinquenta, calvo e barba bigode fininho na cara rosada, olhos esverdeados e boca pequena, esse era o tipo. Tinha predileção pelo jogo. Jogava carteado, o bozó e roleta num pequeno casino por trás do cinema em uma sala reservada. Tinha um pequeno negócio no final da Rua do Sossego, vendendo feijão, milho, farinha e açúcar em grosso, nada de venda a varejo dava mais trabalho, pois a cada momento chegaria um freguês, me dê um quilo de feijão, ou de açúcar, ou de milho. O dinheiro apurado muitas das vezes deixava no jogo. Era solteiro. Tinha em vista, mas nunca declarado a ninguém uma loirinha, pequena tanto quanto ele, olhos fascinantes de um castanho claro e boca pequena. Tinha tudo que ele desejava para casar, pois, beirava os quarentas anos. A donzela todos os dias ia para a Matriz de São Bartolomeu, com a sua amiga Marinha, rezava o terço, assistia a missa, era filha de Maria e gozava do apreço do Padre Eurípedes. Depois da reza ia passear na Praça Pedro II dando duas voltas sentando-se depois em banco junto a um canteiro de dálias vermelhas. Ali conversava animadamente com as companheiras, enquanto Seu Neco observava de longe sem ter a coragem de lhe falar namoro. Ele, já tinha a visto olhar para ele, mas desviava o seu olhar desconfiado. E a desconfiança era pela sua estatura pequena. Era bem conceituado na sociedade, frequentava as danças de final de semana no clube “Cisne” aonde todos iam às noites de sábado. Em uma noite de danças, no clube, apareceu um ratinho correndo entre as mesas, todos correram principalmente às senhoras e mocinhas, trepando nas cadeiras enquanto o ratinho corria pelo canto das paredes. Seu Neco para mostrar serviço corria atrás do bichinho, e todos gritavam “Seu Neco a catita foi por ali”, “Seu Neco lá está debaixo das caixas de cervejas” olhe “Seu Neco debaixo da mesa de Dona Carolina” uma velhota solteirona enfeitada com brincos de ouro e um colar com a medalha da Nossa Senhora de Fatima cravejada de brilhante. Olhava para os lados, sem localizar e de um momento para outro deu sorte e a catita raspou seus pés e com um chute golpeou o bichinho e depois esmagou com uma pisada e ai denominaram ele como Neco Catita.  Ele não gostou deste apelido, mas ficou calado em sua mesa sendo parabenizado pelo feito. Nesta noite lá sentada junto aos seis pais, Lucinha a sua predileta. Olhava de vez em quando e ela no seu lugar olhava para o seu lado. Esforçou-se e a foi tirar para dançar. Era a oportunidade, mesmo que levasse um “corte” não teria problema. E foi. Deu sorte ela levantou-se devagarinho, sob os olhares de seus pais e no meio do salão um bolero ecoou com um canto “Beija-me muito” ele abraçado naquele pequeno corpo sonhava, com o seu perfume que vinha da sua face e cabelos. As mãos macias eram apertadas, de vez um sussurro que o leva a sonhar naquele momento não desejava que a música terminasse. Levou a mesa agradeceu e sentou-se no seu lugar tomando uma cerveja. Fechava os olhas a cada instante, parecia sonhar, mas era uma realidade. Pensou – Não tive a coragem de perguntar se poderia conversar com ela no dia seguinte. Que falha! Mas pensou, no outro dia ia passar um filme no cine Boa Vista, um filme que todos não perdiam. Ficou de longe, já com o ingresso na mão esperando que ela chegasse e assim poderia ficar junto dela para assistir o filme e ai tinha a oportunidade, que faltou no baile, de lhe falar sobre outro encontro. E assim aconteceu. Sentado junto dela o coração batia descompassado. Olhou para ela e começou a conversar antes do filme começar. Perguntou nervoso depois se poderia se encontrar com ela em sua casa. Esperou a resposta, ansioso, e recebeu um sim. Quase foi impulsionado da cadeira pela alegria e surpresa. Assistiu ao filme olhando mais para ela do que as cenas que se desenrolava na tela. No dia seguinte, fechou o comercio, tomou um banho e logo às seis e meia foi para a Matriz, onde celebrava a novena e logo que ela chegou foi ao seu encontro e ao termino levou a sua casa. Seus pais estavam à porta esperando-a e Seu Neco Catita, falou que desejaria, com boas intenções, namorar a sua filha frequentando a sua casa. O que foi bem aceito pelo Seu Honório e Dona Filomena. As suas andanças pelo cassino terminaram, se dedicou a ouvir as reclamações da comunidade; Começou entrar na política, nas reuniões da câmara e resolveu disputar a Prefeitura no pleito que ia acontecer brevemente, mais ou menos um ano para eleição. - SOU PEQUENO MAIS SOU GRANDE NAS AÇÕES – CATITA este foi à faixa colocada na porta do seu armazém. Logo, logo, foi encontrando apoio da comunidade e assim seguiu em frente filiado a um partido pequeno o PPL – Partido Popular Livre. No dia da eleição saiu pelas ruas visitando as zonas eleitorais e sendo bastante cumprimentado. Após apuração o seu CATITA tornou-se o Prefeito da cidade. Tomou posse sob os aplausos d população que cercaram o prédio da Câmara Municipal de Sertãozinho.  

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