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sábado, 30 de junho de 2012

A semana - Eu quero é "Tchan", eu quero é "Tchun", ...





Por Zé Carlos

A semana passada, no filme apresentado abaixo, da UOL, mostra tudo que foi interessante, pois o que poderá ser mais interessante ainda, estará se definindo hoje, última dia para as convenções municipais.

Se o filme abrangesse todo o país com a mesma ênfase, certamente, teria colocado algo sobre a briga na convenção do PDT, aqui no Recife, que pareceu mais um júri de escola de samba do que uma reunião de partido. Pelo menos, brigas, sopapos e papéis rasgados tivemos. Até agora, quem levou a pior foi o Rubem Santiago que entrou candidato pelo partido e saiu na Frente Popular, apoiando o Geraldo Júlio, do governador. Aguardamos os próximos acontecimentos.

Aliás, pelo rumo que tomou a eleição no Recife, ela se tornou de mais importância do que a de São Paulo. Parece que o Lula abençoou ou condenou de vez o Eduardo Campos, pelo jeito decidido que ele age agora, convocando todos os partidos para enfrentar o PT. Se ele conseguir unir aqui o PSDB e PPS à frente popular, fatalmente, esta cidade estará no filme da próxima semana.

No filme abaixo o que mais me emocionou foi ver o Zé Serra dançando Tchan, dançando o Tchum e Tcha, tcha, tcha...tcha! A música é o jingle de campanha e foi composta por dois eleitores de Dilma Roussef. Resta saber, se ele conhecia o fato ou se não dá importância às autorias, a não ser que o tirem votos. Aliás, ele agora só vive beijando um retrato de Maluf pelo crueldade com que este tratou o Lula, seu real adversário em São Paulo.

O Lula diz que, para vencer em São Paulo, abaixo do pescoço é canela, e ele vai morder a de quem se colocar em sua frente. Fernando Henrique (que não entrou no filme) diz que não gosta de MMA. É briga de cachorro grande.

Para terminar rindo muito com coisa séria, só ouvindo o debate na reunião que discute se a homossexualidade é uma doença, e se tem cura, se for. As falas colocadas no filme são imperdíveis. Vejam o roteiro resumo logo abaixo e em seguida vejam o filme, e mesmo que tenham começado a semana tristes, terminem alegres.

“No Escuta Essa! desta semana, o depoimento polêmico do jornalista que trabalhou na campanha do governador de Goiás Marconi Perillo causou bate-boca na CPI do Cachoeira. E ainda, o Conselho de Ética do Senado aprovou parecer que pede a cassação do senador Demóstenes Torres. Enquanto isso, na Câmara gritos, bate-boca e confusão marcaram a audiência para discutir o projeto conhecido como “Cura Gay”.”

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O governo caquético da Dilma




Por Zezinho de Caetés

Nesta terça-feira passada o Marco Antonio Villa publicou um artigo em O Globo intitulado “O governo Dilma parece velho”. Eu o sorvi de um trago só e pensando: Que governo? Realmente eu ainda não vi governo nenhum depois que começou o desgoverno do Lula a partir de 2009 quando de sua tentativa em eleger um poste para presidência.

E vejam os senhores que ele quase conseguia. Só não o fez porque as condições externas, que começaram a ficar diferente, desde a “marolinha”, começaram a afetar o Brasil, e agora temos uma grande conta daquela eleição para pagar. Então, como diz o autor, no texto abaixo, as baratas tontas do PT, não sabem o que fazer para mudar de rumo. Não houve preparação prévia, e só oba-oba. Não houve reformas básicas e sim cosméticos sociais.

Agora, além de não sentirmos que existe governo, a maioria das vezes, quando ele aparece é para cometer as maiores asnices tanto no plano interno (vejam as condições de tudo que é público neste país) quanto externo (vide Rio+20 e Paraguai). Nunca na história deste país se viu tanta besteira feita em tão pouco tempo. E isto em menos da metade do “governo”.

Ainda bem que surgiu Paulo Maluf no meio do caminho. O poeta diria que foi uma pedra, eu diria que foi um bênção para mostrar que o Santo (Lula) tem os pés de barro. O famoso encontro, aliado a outro encontro (o Encontro Fatal com o Gilmar Mendes), mostra que, de encontro em encontro, o Lula cada vez fica mais perto de voltar para nossa terra, Caetés, onde deverá ser o faxineiro do meu grande sonho, a Academia Caeteense de Letras, que ainda acalento.

Fiquem com o Marco Antonio Villa, que foi educado em dizer que o governo Dilma está apenas velho. Eu, sem muita educação, diria que está velho e caquético, ou mesmo só caquético para não ofender à terceira idade.

“O governo Dilma Rousseff completa 18 meses. Acumulou fracassos e mais fracassos. O papel de gerente eficiente foi um blefe. Maior, só o de faxineira, imagem usada para combater o que chamou de malfeitos.

Na história da República, não houve governo que, em um ano e meio, tenha sido obrigado a demitir tantos ministros por graves acusações de corrupção.

Como era esperado, a presidente não consegue ser a dirigente política do seu próprio governo. Quando tenta, acaba sempre se dando mal. É dependente visceralmente do seu criador. Está satisfeita com este papel. E resignada. Sabe dos seus limites.

O presidente oculto vai apontando o rumo e ela segue obediente. Quando não sabe o que fazer, corre para São Bernardo do Campo. A antiga Detroit brasileira virou a Meca do petismo.

Nunca tivemos um ex-presidente que tenha de forma tão cristalina interferido no governo do seu sucessor. Lembra o que no México foi chamado de Maximato (1928-1934), quando Plutarco Elias Calles foi o homem forte durante anos, sem que tenha exercido diretamente a presidência.

Lá acabou numa ruptura. Em 1935 Lázaro Cárdenas se afastou do “Chefe Máximo” da Revolução. Aqui, nada indica que isso possa ocorrer. Pelo contrário, pode ser que em 2014 o criador queira retomar diretamente as rédeas do poder e mande para casa a criatura.

O PAC ─ pura invenção de marketing para dar aparência de planejamento estatal ─ tem como principal marca o atraso no cronograma das obras, além de graves denúncias de irregularidades. O maior feito do “programa” foi ter alçado uma desconhecida construtora para figurar entre as maiores empreiteiras brasileiras.

De resto, o PAC é o símbolo da incompetência gerencial: os conhecidos gargalos na infraestrutura continuam intocados, as obras da Copa do Mundo estão atrasadas, o programa “Minha Casa, Minha Vida” não conseguiu sequer atingir 1/3 das metas.

O Nordeste é o exemplo mais cristalino de como age o governo Dilma. A região passa pela seca mais severa dos últimos 30 anos. A falta de chuva já era sabida. Mas as autoridades federais não estavam preocupadas com isso. Pelo contrário. O que interessava era resolver a partilha da máquina estatal na região entre os partidos da base.

Duas agências foram entregues salomonicamente: uma para o PMDB (o DNOCS) e outra para o PT (o Banco do Nordeste). E a imprensa noticiou graves desvios nos dois órgãos, que perfazem quase 300 milhões de reais. A “punição” foi a demissão dos gestores.

Enquanto isso, desejando mostrar alguma preocupação com os sertanejos, o governo instituiu a bolsa-seca, 80 reais para cada família cadastrada durante 5 meses, perfazendo 400 reais (o benefício será extinto em novembro, pois, de acordo com a presidente, vai chover na região e tudo, magicamente, vai voltar ao normal). Isto mesmo, leitor. Esta é a equidade petista: para os mangões, tudo; para os sertanejos, uma esmola.

Greves pipocam pelo serviço público. As promessas de novos planos de carreiras nunca foram cumpridas. A educação é o setor mais caótico. Não é para menos. Tem à frente o ministro Aloizio Mercadante. Quando passou pelo Ministério da Ciência e Tecnologia nada fez. Só discursou e fez promessas. E as realizações? Nenhuma.

Mercadante lembra Venceslau Braz. Durante o quadriênio Hermes da Fonseca, Venceslau foi um vice-presidente sempre ausente da Capital Federal. Vivia pescando em Itajubá. Quando foi alçado à presidência da República, o poeta Emílio de Menezes comentou sarcasticamente: “É o único caso que conheço de promoção por abandono de emprego.”

Mercadante é uma versão século XXI de Venceslau. O sistema federal de ensino superior está parado e vive uma grave crise. O que ele faz? Finge que nada está acontecendo. Quando resolve se manifestar, numa recaída castrense, diz que só negocia quando os grevistas voltarem ao trabalho.

A crise econômica mundial também não mereceu a atenção devida. Como o governo só administra o varejo e não tem um projeto para o país, enfrenta as turbulências com medidas paliativas. Acha que mexendo numa alíquota resolve o problema de um setor.

Sempre a política adotada é aquela mais simples. Tudo é feito de improviso. É mais que evidente que o modelo construído ao longo das últimas duas décadas está fazendo água (e não é de hoje). É necessário mudar. Mas o governo não tem a mínima ideia de como fazer isso.

Prefere correr desesperadamente atrás do que considera uma taxa de crescimento aceitável eleitoralmente. É a síndrome de 2014. O que importa não é o futuro do país, mas a permanência no poder.

Na política externa, se é verdade que Patriota não tem os arroubos juvenis de Amorim, o que é muito positivo, os dez anos de consulado petista transformaram a Casa de Rio Branco em uma espécie de UNE da terceira idade. A política externa está em descompasso com as necessidades de um país que pretende ter papel relevante na cena internacional.

O Itamaraty transformou-se em um ministério marcado por derrotas. A última foi na Rio+20, quando, até por ser a sede do evento, deveria exercer não só um papel de protagonista, como também de articulador. A nossa diplomacia perdeu a capacidade de construir consensos.

Assimilou o “estilo bolivariano”, da retórica panfletária e vazia, e, algumas vezes, se tornou até caudatária dos caudilhos, como agora na crise paraguaia.

O governo Dilma parece velho, sem iniciativa. Parodiando o poeta: todo dia ele faz tudo sempre igual. E saber que nem completou metade do mandato. Pobre Brasil.”

quinta-feira, 28 de junho de 2012

NO FIOFÓ DOS OUTROS É REFRESCO.





Por Carlos Sena (*)

A palavra é sempre o nosso melhor meio de comunicação, a despeito de que nem sempre traduzem nossas intenções vernaculares. O tempo se encarrega de colocar palavras na moda ou retirá-las, mas há algumas que independem do tempo para permanecerem vigorosas. Por outro lado existem palavras que nem todos sentem o mesmo significado e aceitação ou repulsa ou mesmo indiferença diante delas. No terreno da sexualidade, as palavras ficam pesadas ou leves ou dependendo da região em que se emprega. “Baitola” é um designativo de Gay muito próprio do Ceará e adjacências. Já em Pernambuco se usa mais “frango, viado”. Em Brasília se diz que “essa coca é fanta” referindo-se a um gay. Pela TV se escuta muito “florzinha”. No interior do Brasil se utiliza também a expressão “falso à bandeira”, etc.

Quando se parte para a homossexualidade feminina os designativos são os mais duros, até mesmo extremamente depreciativos. Deles o mais comum é SAPATÃO. Mas há “saboeira”, “franchona”, “caminhoneira”, “cola velcro”. O pior deles: “chupa charque” – terrível, mas infelizmente se utiliza nas rodas. No interior de Pernambuco se utiliza “pitomba” – nunca ouvi em outro lugar, só por lá. A simbologia é que essa “frutinha besta” dá em cachos e as mulheres homossexuais geralmente vivem em grupo, em “bandos”... Certamente que cada estado tem sua própria linguagem.

No tocante a sexualidade hetero, então a coisa fica densa, em que pese ser mais amena para os nossos ouvidos. Isto pode representar um pouco do preconceito que se tem mais contra os homo do que os hetero. Na lógica depreciativa, puta está em primeiro lugar concorrendo com prostituta. Mas há rameira, messalina, “do baixo meretrício”, não obstante a moda da “garota de programa” – aquela que ninguém diz, mas é puta. Ela se veste bem e até cursa faculdade, mas vive de ganhar a vida deitando com os machos por dinheiro. Ao homem parece que nada pega nessa pecha de nomes chulos. Macho é muito usado, embora a mulher não se sinta fêmea. Macho é macho. Pode ser cafetão, mas permanece ali no topo da posição intocável. Afinal a sociedade sendo machista como é tem tudo a ver.

Noutro viés dessa prosa, mas permanecendo no tema, uma discussão de casais que perderam os respeitos mútuos tem muito a acrescentar nesse quesito. “Sua vagabunda, ordinária, anta, afolozada”... Acho o “Ó” a expressão VAGABUNDA! Reduz a mulher a sulfato de pó de peido, mas é como se na guerra valesse tudo, embora depois os casais retornem aos beijos e abraços. A mulher, por sua vez, dispõe de um repertório pobre quando quer ofender o homem numa discussão como a que nos referimos. Como se vê, o nosso idioma é machista. No máximo sai expressões como “filho da puta, corno, viado”, mas, que não contém o teor invasivo e depreciativo com que se fala das mulheres neste sentido. Algumas vezes as mulheres apelam para o tamanho do pinto – alternativa que geralmente dá resultados, principalmente quando ela fala a verdade sobre ele e seu desempenho.

Quando as expressões apenas denotam os nomes populares das nossas partes pudendas (olha como estou santo) então os regionalismos imperam. Há, contudo, aquelas universais como “rola, pinto, buceta, cu, periquita, perereca, fiofó, oiti, prativai, xoxota, fiofó. Mas o reverso dessas medalhas às vezes é de travar nossa expectativa, principalmente durante o “vamos ver”, na hora “H”: pênis, vagina, falo, anus, etc. Muitas outras formas verbais e adverbiais poderiam ser apostas, mas elas por si sós se estabelecem.

As palavras, não podemos esquecer, são invenções sociais. Pode ser que noutros países se digam a mesma coisa com outras expressões. Mas isto serve pra gente refletir um pouco sobre nossa língua machista e nem sempre libertadora. Independente, acho que chamar uma mulher de VAGABUNDA é péssimo aos ouvidos – reduz a mulher a nada, a um traço no horizonte. Chamar uma mulher homossexual de “chupa charque” é indigno. Chamar um gay de frango é indigno. Digno mesmo é o respeito a todas as raças, cores, preferências sexuais, religiosas, etc.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 12/06/2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O sacerdócio político




Por Zé Carlos

Administrar um blog como este nosso (hoje quase sozinho, pois a Eliúde se prepara para fazer um curso não sei aonde e está cada dia faltando mais) é muito trabalhoso, no entanto, como sempre fui um estudante na vida e da vida, o retorno em aprendizado é gratificante “por demais” (ainda estou sob a influência do linguajar do Jessier Quirino).

A AGD sempre foi dirigida para Bom Conselho e continua sendo. Mas, durante este tempo que a faço, o foco foi mudando para outros lugares e para o mundo. Eu descobri que ficaria extremamente caro ir a Bom Conselho todos os dias para obter notícias que a própria mídia da terra tem dificuldade em obter. O custo de fazer isto não seria aceito pelos nossos patrocinadores (que são Jesus, Maria e José, que me garantiram que eu não teria problemas com o Padre Nelson, pois eles deveriam servir a todos) e nem eu aguentaria tantos deslocamentos para encontrar notícias, nem sempre existentes.

O que me encanta na atividade é que aprendemos sobre assuntos que nunca esperávamos um dia aprender, como uma verdadeira escola da vida. Por exemplo, eu hoje já me atrevo a dar alguns pitacos sobre política, coisa que me foi alheia, pela minha formação, por um bom tempo. Eu digo que sou um político aristotélico, ou seja, porque o filósofo grego disse que o homem é um animal político. Embora, neste campo, penso que ele tem mais de “animal” do que de político. E assim sendo, lá vai eu aprendendo.

Há algum tempo atrás, nestas alturas das eleições eu não sabia nem quem eram os políticos de Bom Conselho, nem mesmo os seus nomes. Hoje, continuo não os conhecendo pessoalmente, mas, pelo menos sei seus nomes. Ao fazer a página DEU NOS BLOGS alguns dias atrás (e quando isto for publicado já pode ter mudado), eu vi seis nomes de pessoas que estão interessadas em sentar na cadeira do Palácio do Coronel Zezé. E eu apenas fico admirando a coragem  e abnegação destas pessoas.

E desta observação, eu fico me colocando no lugar deles, tanto na campanha quanto em suas consequências de sucesso ou insucesso. É um trabalho duro de lascar o cano, como se diz. Sendo assediados por eleitores que procuram saber sobre os seus planos de governo para tomar sua decisão no dia da eleição. Presença em festas e eventos para mostrar que tem interesse na cultura e sociedade em que habitam. Ida a eventos religiosos, porque todos que sentam na cadeira do Coronel devem ser ungidos por Deus. Distribuição de santinhos onde estão todas suas virtudes. Uma caridade aqui outra ali, mas sempre avisando que estes R$ 100.000 ou R$ 200.000 é apenas porque é mais fácil um camelo passar por um fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus, e que ele está apenas, desinteressadamente, querendo entrar no céu, embora, se puder sentar antes naquela cadeira, melhor ainda.

E por ai vão os abnegados candidatos procurando o trabalho duro que o espera de gerir um município, por um salário, muitas vezes, pequeno, e ainda correm o risco de alguém não votar neles. Não parece justo. O que os move então? E eu vou aprendendo as respostas ao longo de minha jornada blogueira. E penso que só pode ser uma coisa: a vocação.

O político é um sacerdote do poder. Ele ama o poder sobre todas as coisa e o próximo com ele mesmo, desde que seja seu eleitor. Já disseram até que o poder é afrodisíaco, e é por isso que muitos políticos tem suas mulheres paralelas para extravazar esta faceta de sua vocação. Embora alguns países mais atrasados do que o nosso coíbam esta prática aos políticos, como os Estados Unidos. Dizem que lá, se o cara for pego “pulando a cerca” está frito. Aqui, quando isto é descoberto, o político se transforma em presidente do congresso ou da republica de imediato.

Por que um sacerdócio? Por que o bom político não pode pecar. Ele não pode roubar, não pode matar, não pode cometer estelionato, não pode prevaricar. Ou seja, tem que ser um puro de coração e de alma. Se, por um triste acaso os eleitores votam em pessoas que não são virtuosas, os próprios eleitores tratam de tirá-los do poder, logo em seguida. Eu aprendi que o tempo para se fazer isto pode demorar um pouco, como no caso do Sarney, para quem ainda não chegou o tempo, mas, normalmente, isto demora menos. Mas, em sua grande maioria, são pessoas cheias de virtudes, como preveem os estatutos de cada partido.

O que normalmente acontece, quando estão na cadeira do Coronel, são pequenas tentações, como ocorre com qualquer sacerdote no cumprimento de sua missão. Um emprego de um parente, um pequeno desvio de verba para comprar comida para o gato, o aviso a um amigo sobre a rua que vai ser calçada, o uso do carro da prefeitura para levar o cachorrinho em coma para um hospital,  a ajuda à bodega do amigo que está em dificuldade, etc. são pequenas tentações que qualquer padre perdoaria de chofre, e com toda consciência. O resto é intriga da oposição.

E mesmo com todas estas restrições, como já disse, li que há 6 pessoas este ano tentando sentar na cadeira do Coronel em Bom Conselho. Dizem que ainda podem aparecer mais candidatos com vocação sacerdotal para o cargo, e eu os parabenizo, pela coragem, pelo desprendimento, pela honestidade, pela capacidade e por todas outras virtudes que eles não podem nem tocar na campanha, para pedir votos, pois os eleitores sabem que isto já faz parte, ou deveria fazer, de sua natureza, e não ganham votos.

O que o eleitor cruel quer, além disto que todos devem ter, é um plano de trabalho que mostre o que ele vai fazer com a cidade, como vai geri-la e administrá-la. Este será o seu diferencial, pois todos são sacerdotes virtuosos por definição. Eita eleitorado exigente, sô!

terça-feira, 26 de junho de 2012

O Brasil tenta falar grosso no Paraguai





Por Zezinho de Caetés

Hoje me valho de um texto publicado em O Globo pelo imortal Merval Pereira, para comentar um pouco sobre a queda do presidente Lugo no Paraguai e a atitude equivocada, mais uma vez da diplomacia brasileira, de se juntar à Unasul, o braço sem petróleo do Chaves no continente, para tentar intimidar o Congresso paraguaio.

Todos sabemos que, apesar de sua aparência angelical, o bispo Lugo, está mais para um “barrão baixeiro” (termo que empregávamos lá em Caetés para designar um daqueles porcos grandes que cobriam 30 porcas num dia), do que para um santo ou mesmo para um presidente.

Quis governar sozinho, seguindo Chaves e seu séquito de esquerd da América Latina, cujo sonho é a derrocada dos Estados Unidos, e se deu mal. Levou o Paraguai à beira de uma guerra civil que não se concretizou apenas para assegurar o bordão que tudo que se produz naquele país tem um pouco de falso. Entretanto, o impeachment foi verdadeiro e o Lugo, prudentemente, o aceitou, embora continue brigando na Justiça, o que é um decisão mais sensata do que insuflar as massas contra a atitude congressual.

Aqui no Brasil, nós já vimos este filme na época de Collor. Penso que as consequências serão as mesmas para o ex-presidente paraguaio. Ou seja, permanecer na política, tentando se vingar contra aqueles que foram contra a ele politicamente, até, que se conclua com aqui se concluiu que é tudo em vão. A história de “golpe parlamentar” é tão furada quanto foi aqui, pois, quando uma maioria parlamentar se manifesta como nos dois casos, só podemos admitir que o ditado está certo: “Onde há fumaça, há fogo.”

A atitude da presidenta em mandar nosso chanceler ir àquele país para “falar grosso”, hoje soa ridícula, diante de tanta bagunça que o bispo gerou naquele país. Eu penso que, para falar grosso hoje pelo PT, o único indicado é o seu candidato a prefeito aqui pelo Recife. É a voz mais grossa que encontramos, hoje neste partido do Maluf.

Fiquem como imortal, e que não volto pois vou aproveitar a crise e visitar o Paraguai, fazer umas compras, declarando-as na alfândega, por incrível que pareça.

“Embora dentro das normas constitucionais, a deposição do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, pelo Congresso tem claros indícios de que foi o desfecho de uma disputa política que se desenrola praticamente desde que ele chegou ao poder, cerca de 4 anos atrás.

Já houvera antes uma tentativa de impeachment quando surgiram as denúncias sobre os vários filhos do ex-padre católico, dois dos quais ele já reconheceu. Há outros na fila.

O escândalo sexual não foi suficiente, no entanto, para que os opositores de Lugo conseguissem levar adiante a tentativa de impeachment, mas a tragédia recente, em que morreram 11 camponeses de um movimento sem-terra e seis policiais, fez com que forças políticas majoritárias se unissem para acusá-lo de “mau desempenho de suas funções”, o que possibilitou o processo de impeachment.

Os agricultores sem-terra da Liga Nacional de Acampados, que invadem propriedades e instalam-se em tendas, receberam o aval público de Lugo, que os recebeu diversas vezes no palácio do governo e na residência presidencial, até que, em 15 de junho, seis policiais desarmados foram mortos durante a desocupação de uma fazenda em Curuguaty, a 250km de Assunção.

A reação da polícia provocou a morte de 11 camponeses e a acusação de perda de controle pelo governo.

Mesmo que a motivação seja política, não é possível classificar de golpe o que aconteceu no Paraguai, sob pena de darmos razão ao hoje senador Fernando Collor de Mello que se diz vítima de um “golpe parlamentar”, e que, em entrevista, já chegou a reivindicar de volta seu mandato presidencial.

O interessante é que Collor foi impedido pelo Congresso brasileiro num processo que teve a liderança do PT, tanto na atividade parlamentar quanto na mobilização dos chamados movimentos sociais para apoiar a decisão dos políticos.

Cassado, Collor foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal por falta de provas, o que o leva a alegar que foi vítima de um golpe.

É uma incoerência completa, portanto, que o governo brasileiro acuse um processo congressual de ilegítimo, quando já tivemos essa experiência em nossa democracia recente.

A ameaça de expulsar o Paraguai do Mercosul, além de revelar uma leitura equivocada da cláusula democrática da instituição, pode servir aos interesses da Venezuela, que até agora não foi aceita como membro pleno justamente porque o Congresso do Paraguai não deu permissão, por considerar que a Venezuela não é um país democrático.

Essa aliás, é uma outra boa discussão, pois o governo brasileiro aceita todas as manobras feitas pelo governo de Hugo Chávez na Venezuela, alegando justamente que elas, ao serem aprovadas pelo Congresso, são, portanto, legítimas. Lula chegou ao cúmulo de dizer que havia na Venezuela “democracia demais”.

Todos os governos “bolivarianos” da região — Bolívia, Equador, Argentina, Nicarágua — já promoveram diversas alterações em suas Constituições para aumentar o poder dos respectivos presidentes, em golpes seguidos à democracia, mas utilizando-se de seus próprios instrumentos legais.

Aumentaram a composição da Suprema Corte, criaram obstáculos à liberdade de expressão, mudaram as regras eleitorais para favorecer o partido que está no governo, e alegam sempre que as alterações foram feitas com a aprovação do Congresso.

Mas quando o Congresso decide contra o governante “bolivariano”, desencadeia-se imediatamente um movimento regional de constrangimento a esses parlamentos, tentando usar a cláusula democrática como instrumento de pressão.

Agora mesmo, os chanceleres da Unasul foram a Assunção tentar parar o processo de impeachment de Fernando Lugo, que logo chamaram de golpe. O chanceler Antonio Patriota foi com a instrução da presidente Dilma para “falar grosso”.

No caso de Honduras, em 2009, chegou a ser escandalosa a intromissão do governo brasileiro nos assuntos internos daquele país, a ponto de ter tentado, com a cumplicidade de Hugo Chávez, criar um fato consumado com o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya ao país, abrigando-o na embaixada brasileira. De acordo com a Constituição de Honduras, o mandato presidencial tem o prazo máximo de quatro anos, vedada expressamente a reeleição.

Aquele que violar essa cláusula, ou propuser-lhe a reforma, perderá o cargo imediatamente, tornando-se inabilitado por dez anos para o exercício de qualquer função pública.

Foi exatamente o que Zelaya fez, tentando mudar a Constituição através da convocação de plebiscito. A cláusula pétrea da Constituição de 1982 de Honduras tinha, justamente, o objetivo de cortar pela raiz a possibilidade de permanência de um presidente no poder, pondo fim à tradição caudilhesca no país.

A preocupação tinha sentido: Honduras é o país inspirador do termo “República de bananas” ou “República bananeira” cunhado pelo escritor americano O. Henry, pseudônimo de William Sydney Porter, que, no livro de contos curtos Cabbages and Kings, (Repolhos e Reis) de 1904, usou pela primeira vez a expressão, que passou a designar um país atrasado e dominado por governos corruptos e ditatoriais, geralmente na América Central.

O principal produto desses países, a banana, era explorado pela famosa United Fruit Company, que teve um histórico de intromissões naquela região, especialmente em Honduras e Guatemala, para financiar governos que beneficiassem seus interesses econômicos, sempre apoiada pelo governo dos Estados Unidos.

Mesmo com toda a pressão do governo brasileiro e dos demais países “bolivarianos”, que conseguiram até mesmo expulsar o país da Organização dos Estados Americanos (OEA) — como ameaçam fazer agora com o Paraguai, no Mercosul — Honduras promoveu nova eleição e o presidente Porfirio Lobo está no governo, já tendo sido reconhecido por todos os demais países e retornado à OEA.

O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo parece estar agindo com mais bom senso do que os governos da Unasul, aceitando a decisão do Congresso.”

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O BAR DE GÉO em BOM CONSELHO


BOM CONSELHO - PE



Por Carlos Sena (*)

Sempre retorno. Retornar é próprio dos que não se perdem no caminho da volta, principalmente quando se volta ao “útero”. Essa é a palavra certa, pois voltar a terra em que nascemos significa incursionar um pouco na psicanálise existencial, embora não seja disto que queremos falar. Retorno sempre, independente de festa. Minha festa eu mesmo faço, posto que me basto de sobras imemoriais dos tempos em que a gente se bastava com as festas de lá de fora, como que tendo certeza de que elas iriam compor as nossas festas de lá de dentro, principalmente quando a saudade apertasse.

Nesse retorno, lembrei-me do bar de GÉO. Logo cedo, acompanhado com um colega de trabalho chamado BELÉM chego lá. Motivo? Comer cuscuz com leite, café e queijo de coalho assado! Pra que melhor motivo? Tudo muito simples e nem precisava ser melhor. Cada um que chega se sente meio que em casa. Um fala com o outro, dá uma risada, mexe, faz uma “goga” e, não raro, lá se vai um satisfeito de bucho cheio e seu palitinho na boca. Danuza Leão se arretaria com essa história de palito, mas ela que se lasque com seus rebusques exagerados de etiqueta. Fato é que no melhor de tudo, eis que me passa roçando o ombro ele, Zé Arnaldo – amigo de infância e ex-prefeito de Olinda! Deve não ter me conhecido, imaginei. Puxei o caba pelo braço e foi aquele auê de felicidade. Ele sentou e eu apresentei o Belém e só rolou um papo meio que política misturado com reminiscências do que um dia fomos nos tempos de escola. Dentre outras coisas, me confessou seu amor por Olinda, mas pela sua fala, Bom Conselho não se larga dele nem que ele queira. Finalmente veio o cuscuz com leite. Aff Maria, quanto cuscuz! Um monte que dava pra duas pessoas. Ele logo se dispôs a dividir comigo e foi o que fizemos. Depois, sabedor que ele é um fazendeiro e que no dia de sábado é dia de pepino pra resolver, deixei-o a vontade pra ir embora. Ele se despediu de mim e foi lá dentro falar com GÉO. Pra não esquecer: disse-me ele que agora não é mais comunista, ou coisa do gênero, mas que mantém bons amigos no partido, salvo engano. Falou de Lula, mas não vou dizer em que tom... Rir é o melhor remédio e ele sabe disto melhor do que eu ou, no mínimo, sabe que o apressado come cru, com “erre” no meio.

Chamo o garçom e peço a conta. “Já tá pago” ele disse. Quem pagou, perguntei. – Zé Arnaldo, respondeu. Ok, disse eu ao garçom e fui embora pensando no tempo que tira de nós pequenos gestos iguais àqueles que só na minha terra talvez a gente encontre. Continuei matutando: “engraçado, vou a Bom Conselho fazer uma coisa e volto com outras”. Que outras? A recuperação de que as relações de verdade ainda sobrevivem, mas talvez só em cidades do interior em que a “esperteza” da cidade grande acompanhada da maldade, do “caso pensado”, do egoísmo ainda não tenha contaminado o povo. Na verdade eu já estava esquecido de que aqueles gestos simples tão costumeiros na terra da gente existissem. A gente sempre gosta de passear pelas ruas, ver a cidade. Nem sempre a gente vê gestos, pois esses não estão às vistas. Eles são do caráter das pessoas, das suas atitudes.

Naquele dia eu saí do bar do GÉO renovado e entendendo o porquê nossa terra é meio que o nosso “útero”. Poderão dizer que foi porque o ex-prefeito pagou a conta. Não foi. Um dia eu talvez nem tivesse tido dinheiro pra comprar uma bolacha, mas hoje eu tenho pra comprar uma padaria, graças a Deus. Zé Arnaldo é um dos nossos. Géo é um dos nossos. Judite, a prefeita, é uma das nossas. Cada pessoa que passa por nós em qualquer lugar da terrinha é um dos nossos. Sempre que eu digo que “sou daqui” a quem me pergunta de onde sou, vejo a festa que fazem. E nem sabem quem, de fato eu seja. Talvez pelo sentimento de amor coletivo dos papacaceiros diante de cada um que morando fora vem visitar.

Assim, renovado, repito: é preciso que a gente não só cuide de manter praças e ruas e jardins. É preciso manter gestos simples como sentar no bar de Géo, comer cuscuz com leite e beber gente como Zé Arnaldo e tantos outros. Um papo zen. Pagar a conta? Isso é um detalhe que menos importa a incumbência. Afinal, o prazer de rever o outro e sabe-lo bem e feliz não tem preço. Valeu Zé.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 17/06/2012

sábado, 23 de junho de 2012

A semana - Maluf, João, Humberto, Erundina e Dedeu. Viva São João!





Por Zé Carlos

Apresento-lhes o resumo da semana. Ele é curtinho como mostra o roteiro dos produtores do filme que o representa, lá embaixo. Também pudera! Só dois fatos parecem ter tido importância nestes dias recentes: A aliança entre Lula e Maluf e a Rio+20. Este último parece que não deu muito certo, ou pelo menos, os interessados esperavam mais. O primeiro, ainda não sabemos direito quais serão os resultados.

Talvez pela sua incerteza, quanto aos resultados, comentaremos a inusitada união do lulismo e do malufismo em São Paulo, que não está dando certo em Pernambuco. Desculpem, estou já trocando as bolas. Aqui em Pernambuco, seria o Arraesismo. Sei que vão dizer que é um ato falho, etc. etc. Mas, o lapso foi apenas pela vontade de  curtir o São João á moda de Vovô Zé, pois meus netos estão chegando.

E como dizia o Dedeu, jogador do Náutico e tão querido do amigo Jameson, a Erundina fez que ia, não foi, mas, terminou “fondo”. Aqui eu não sei ainda se acontecerá o mesmo com o João da Costa. Pelo que se passa no momento, penso que o PT abandonou o São João e vai de Santo Humberto. Embora continue de Costa, vai sozinho, sem a Frente Popular, que tem tantos partidos que o governador se dar ao luxo de pedir a um dos maiores para sair.

No filme abaixo, voltando a São Paulo, o Maluf diz que não há mais nem “direita” nem “esquerda”, o que existe é “eficacitté” (desculpem se erro na grafia, mas, apesar de ter aprendido francês no Ginásio São Geraldo com D. Ivonise, não manjo bem da língua). A palavra deve ser traduzida livremente por “eficiência” (e não por “deficiência”, pois ele não quis se referir às mãos). E pelo jeito da política brasileira, ele deve estar certo. Com “eficacitté” ele vem se livrando da cadeia, na maioria das vezes, e isto, para ele, deve ser eficiente.

Quanto à Rio+20, não teve muita graça e pelo que acompanhei, a declaração mais importante foi a de Hilary Clinton, que passou de passagem pela conferência e ainda foi aplaudida. Mas, isto não está no filme. Como também não está, pela baixa audiência que os blogs tem nas véspera do feriadão, o fato de que a AGD completou (está próximo) 150.000 acessos. Quando eu falo em número de acessos eu lembro sempre como o Blog Chumbo Grosso diz: 150.000 pessoas já detonaram as páginas da AGD. Continuem detonando, da mesma forma como devemos detonar aqueles que usam a política sem um mínimo de princípios éticos.

Falando em princípios éticos eu ri muito quando no filme o narrador diz o motivo pelo qual o deputado Romário contratou a Garota Furacão como assessora de imprensa: “eficacitté”. Eis aí a tradução precisa do termo.

Veja o resumo do roteiro pelos produtores do filme e vejam abaixo o filme. Depois vão curtir uma fogueira e um bom milho assado.

“O Escuta Essa! deste sábado (23) mostra a aliança entre Lula e Maluf, que resultou na desistência de Luiza Erundina de ser vice de Haddad na disputa pela Prefeitura de São Paulo. A Rio+20 e o G20 também são assunto, além da nova assessora de Romário.”

sexta-feira, 22 de junho de 2012

BABADO NÃO É BICO





Por Carlos Sena (*)

Quando o quesito é homossexualidade, todo mundo se acha “psicólogo” para fazer diagnostico e fazer projeções psicanalistas. A modernidade, a banalização dos cursos superiores, nem isto, tem ajudado a muitos serem parcimoniosos e cuidadosos com o que falam e escrevem acerca das diferenças, especialmente dos gays. Portanto, tem sido comum, em plena era nanotecnológica, internética, ver e ouvir pessoas julgando comportamentos, principalmente acerca de pessoas do mesmo sexo e suas afetividades. Essa evolução moderna do nosso tempo, infelizmente não proporcionou a muitas pessoas o avanço conceitual e de atitude cidadã com relação a minorias.

Houve um tempo em que o Almanaque do Biotônico Fontoura trazia em suas páginas aconselhamentos. Quando se queria criticar alguma posição chula da psicologia se dizia que “aquilo era psicologia do Almanaque”... Pois é assim mesmo que vemos essa corriola de gente que diz o que pensa em tom de autoridade, mas sem nenhuma legitimidade. Eis algumas “pérolas”: ainda dizem que gays são filhos criados com avós. Ainda acreditam que um bom psicólogo pode devolver a família o homem que estava “virando” gay. Sugerem que os pais arrumem namoradas para os filhos, ou mesmo garotas de programas para um “test drive”. Ainda acham que o garoto ou garota com tendência gay pode ser produto de macumba, encosto, bem ao modo dos Silas Mala Feias da vida. Ainda acha que a convivência com gays e assemelhados leve a isto. Também confundem sexo com sexualidade. Não dissociam os gays da fragilidade, esquecendo-se que fragilidade qualquer um pode ter. Sempre associam o homossexual masculino às mulheres com suas indumentárias e adereços, bem como as lésbicas a homens grosseiros. Quando sabem de um gay casado e com filhos sempre acham que os filhos são do “urso”, esquecendo que homem gay faz filho e essa é outra discussão. Ignoram, os psicólogos da esquina – mais precisamente os enrustidos de plantão que, por não serem felizes vivem a martirizar a vida dos gays, talvez exatamente porque reflitam o que eles não tem coragem de fazer: ser feliz sendo o que sente por dentro, rompendo com a falsa moral que eles ajudam a solidificar. Portanto, muito se poderia mostrar nas entrelinhas de tantos que por ai andam dando pitacos sem ser chamados acerca de questões que não conhecem. Às vezes com formação psicológica. Outras vezes com formação diversificada. Mas, nos dois casos, sem nenhuma condição de formalizar conceitos, principalmente porque só conhecem o preconceito que tanto massacra os diferentes.

A Psicologia, enquanto ciência defende os gays quando não vê doença na homossexualidade, como foi por muito tempo difundido. Até um CID – Código Internacional de Doenças existia, mas por consenso foi abolido diante das evidências. A Psiquiatria de corrente não organicista também caminha pela crença de que as relações homossexuais são sadias, posto que fazem seus entes felizes. Não obstante, certos padres, e quase a totalidade dos pastores da ala chamada pentecostais – prefiro dizer do MERCADO DA FÉ, vivem dilapidando a vida de certos rapazes e moças que são felizes vivendo relações do mesmo sexo. A patrulha do pecado é por esses pastores o grande engodo para tornar pessoas sadias em doentes. Porque os doentes ficam fragilizados e mais susceptíveis às investidas de lavagem cerebral. Uma corrente simplista neste sentido vale ser dita: “casal gay” não constitui família. Não terão filhos que poderiam servir para engordar ainda mais a conta corrente das igrejas. Outra: Quanto menos gays tiver na igreja, mais seguros estarão os pastores que tem rabo preso e vivem dentro do armário. Mais outra: pra se livrarem da imprensa, inventam que não condenam o pecador, mas o pecado. Ou seja, condena-se a homossexualidade, mas, absolvem o homossexual, como se fosse possível separar uma coisa da outra. Querem outra? Depois eu digo, pois há muito pano para as mangas desse pomar de sodomia e falso moralismo em nome de Deus.

Pode ser que um dia a gente seja como as flores que mesmo diferentes vivem juntas. Ou como o intestino que funciona às mil maravilhas sem se indispor com o fígado, com o pulmão, com o coração e com os demais órgãos do corpo humano... Talvez o que falte a essa corriola que vive por aí fazendo plantão com a vida alheia seja coragem para serem o que são, ou seja, para assumirem os gays que estão dentro deles. Talvez falte também a eles, vontade e coragem para serem competentes nos estudos e, depois que saírem das faculdades aprenderem a dar opiniões sérias e sem preconceitos.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 03/06/2012

quinta-feira, 21 de junho de 2012

E o cordão dos "sem vergonha" cada vez aumenta mais...





Por Zezinho de Caetés

Ontem, no Blog do Noblat eu li o imortal Merval Pereira, onde num texto intitulado “A foto de Lula com Maluf”, evita que eu escreva qualquer coisa sobre a derrocada política e moral de um conterrâneo, o Lula, porque ele diz tudo.

O Ulysses Guimarães dizia que, “em política, o sujeito não pode estar tão próximo que amanhã não possa estar distante, nem tão distante que amanhã não possa se aproximar”, e isto é tomado como um ponto a favor da flexibilidade que deve ter o político no trato com os seus semelhantes. No entanto, tenho certeza, que em suas ações como político ele levava em conta certos aspectos éticos que são impossíveis de desprezar, a não ser que eles não os tivessem nenhum.

E o que diz o texto abaixo mostra apenas a que chegamos na nossa política de ganhos a qualquer custo, que o Lula tanto criticou um dia, e agora é o seu maior expoente, voltando a velha máxima de que “em política, o feio é perder”. Para mim, tanto em política, quanto em qualquer atividade, “o feio é perder a vergonha”.

Mas, apesar de meus dedos estarem coçando para mais teclar, deixo-os com quem escreve melhor do que eu, o Merval, e nem volto, pois estou quase morrendo de vergonha.

“A foto que incomodou Luiza Erundina e chocou o país, do ex-presidente Lula ao lado de Paulo Maluf para fechar um acordo político de apoio ao candidato petista à prefeitura paulistana (o nome dele pouco importa a essa altura), é simbólica de um momento muito especial da infalibilidade política de Lula.

Sua obsessão pela vitória em São Paulo é tamanha que ele não está mais evitando riscos de contaminação como o que está assumindo com o malufismo, certo de que tudo pode para manter ou ampliar o seu poder político.

O choque causado por esse movimento radical pouco importará se a vitória vier em outubro. Mas se sobrevier uma derrota, a foto nos jardins da mansão daquele que não pode sair do país porque está na lista dos mais procurados pela Interpol será a marca da decadência política de Lula, que estará então encerrando um largo ciclo político em que foi considerado insuperável na estratégia eleitoral.

Até o momento, as alianças políticas com Maluf eram feitas por baixo dos panos, de maneira envergonhada, como a negociação em que o PSDB paulista fechava um acordo com o PP em busca de seu 1m30s de tempo de propaganda eleitoral.

A própria Erundina disse, candidamente, que o que a incomodara foi o excesso de exposição do acordo partidário.

Maluf, do seu ponto de vista, agiu com a esperteza que sempre o caracterizou, mas com requintes de crueldade.

Ao exigir que Lula fosse à sua casa para selar o acordo, e chamar a imprensa para registrar o momento glorioso para ele e infame para grande parte dos petistas, ele estava se aproveitando da fragilidade momentânea do PT, que tem um candidato desconhecido que precisa ser exposto ao eleitorado para tentar se eleger.

Lula, como se esse fosse o último reduto eleitoral que lhe falta controlar, está fazendo qualquer negócio para viabilizar a candidatura que inventou.

Já se entregara ao PSD do prefeito Gilberto Kassab, provocando um racha no PT talvez tão grande quanto o de agora, e acabou levando uma rasteira que já prenunciava que talvez o rei estivesse nu.

Agora, quem lhe deu a rasteira foi uma dupla irreconciliável, que Lula tentou colocar no mesmo saco sem nem ao menos ter se dado ao trabalho de conversar antes: Luiza Erundina, que um dia foi afastada do PT por ter aceitado um ministério no governo de coalizão nacional de Itamar Franco, agora se afasta do PT malufista.

E Maluf, que vinha minguando como força política, viu a possibilidade de recuperar a importância estratégica em São Paulo no pouco mais de um minuto de televisão que o PP detém por força de lei.

A sucessão de erros políticos que Lula parece vir cometendo nos últimos meses — a escolha de Haddad, o encontro com Gilmar Mendes, a CPI do Cachoeira, o acordo com Maluf — só será superada se acontecer o que hoje parece improvável, uma vitória de Fernando Haddad.

No resto do país, o PT está submetendo os aliados a seus interesses paulistas, fazendo acordos diversos para garantir em São Paulo uma aliança viável.

A foto de Lula confraternizando com Maluf tem mais um aspecto terrível para a biografia do ex-presidente: ela explicita uma maneira de fazer política que não tem barreiras morais e contagiou toda a política partidária, deteriorando o que já era podre.

As alianças políticas entre Lula, José Sarney, Fernando Collor e Maluf colocam no mesmo barco políticos que já estiveram em posições antagônicas fazendo a História do Brasil, e hoje fazem uma farsa histórica.

Em 1989, José Sarney era presidente da República depois de ter enfrentado Paulo Maluf no PDS. Ante uma previsível vitória do grupo de Maluf derrotando o de Mario Andreazza, Sarney rompeu com partido que presidia, ajudou a fundar a Frente Liberal (PFL) e foi vice de chapa de Tancredo.

Na campanha presidencial da sucessão de Sarney, Lula disse o seguinte dos hoje aliados Sarney e Maluf: “A Nova República é pior do que a velha, porque antigamente era o militar que vinha na TV e falava, e hoje o militar não precisa mais falar porque o Sarney fala pelos militares e os militares falam pelo Sarney. Nós sabemos que antigamente se dizia que o Adhemar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão. Pois bem: Adhemar de Barros e Maluf poderiam ser ladrão (sic), mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da Nova República, perto dos assaltos que se faz”.

Na mesma campanha, Collor não deixou por menos: chamou o então presidente Sarney de “corrupto, incompetente e safado”.

Durante a campanha das Diretas Já ,Lula se referiu assim a Maluf: “O símbolo da pouca-vergonha nacional está dizendo que quer ser presidente da República. Daremos a nossa própria vida para impedir que Paulo Maluf seja presidente”.

Maluf e Collor tinham a mesma opinião sobre o PT até recentemente. Em 2005, quando Maluf foi preso e Lula festejou, e recebeu a seguinte resposta: “(..) se ele quiser realmente começar a prender os culpados comece por Brasília. Tenho certeza de que o número de presos dá a volta no quarteirão, e a maioria é do partido dele, do PT".

Já em 2006, em plena campanha presidencial marcada pelo mensalão, Collor disse que foi vítima de um “golpe parlamentar”, do qual teriam participado José Genoino e José Dirceu, “enterrados até o pescoço no maior assalto aos cofres públicos já praticado nessa nação”.

E garantiu: “Quadrilha quem montou foi ele (Lula)”, citando ainda Luiz Gushiken, Antonio Palocci, Paulo Okamotto, Duda Mendonça, Jorge Mattoso e Fábio Luiz Lula da Silva, o filho do presidente.”

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Um show do Jessier Quirino e o Professor Joaldi



Uma imagem (não autorizada) do show do Jessier


Por Zé Carlos

Semana passada recebi uma mensagem familiar avisando-me sobre um show do Jessier Quirino no Teatro Santa Isabel. O avisador sabe que “apriceio” os dois: o artista e o teatro. Quando escrevo ainda estou sob influência do linguajar usado pelo Jessier e que nos faz lembrar de nossos interiores e hoje nos faz rir também, quando vindo da boca do grande artista.

O Teatro Santa Isabel é outra referência para mim, aqui no Recife, por ter convivido com ele durante quase todo meu tempo na capital. Eu diria que minha relação é apenas por fora do teatro, pois por dentro, fui poucas vezes por lá. Em uma delas, fui ver um peça, junto com outros bom-conselhenses, sendo um deles, o meu melhor amigo o Zé Rato Branco, ou saudoso Zé Guedes. Fomos ver um peça com o Paulo Autran, chamada “Liberdade, Liberdade”. Não me lembro exatamente o ano, mas vivíamos ainda os efeitos mais diretos de 1964, e ir àquele espetáculo ainda era considerado um ato de rebeldia. O Zé Rato era mais rebelde do que eu e curtiu mais. Sem muitos detalhes.

Modernamente, depois de muitas reformas, e agora na comemoração dos seus 160 anos, eu tinha muita vontade de lá voltar, mas sempre com preguiça, pois, para sair à noite, sou mais preguiçoso do que “cachorro de fateira” com diz o Jessier. Mas, diante do clamor conjugal, eu me dispus a ir ao espetáculo. Três dias antes e tudo lotado. Quando já estava mais descansado, alguém me avisou que iria haver uma apresentação extra do espetáculo. Saí da preguiça e fui comprar os ingressos. E fomos lá.

Antes de chegar nos finalmentes do espetáculo, devo escrever sobre quanto é difícil hoje o deslocamento para qualquer ponto de nossa cidade, a não ser para os shoppings, onde foi montada um infraestrutura que ainda nos permite levar o carro e usar nossas prerrogativas de idosos, usando nossas vagas, que conquistamos por serviços prestados à pátria.

Quando vamos para algo como o Teatro Santa Isabel, que foi projetado em termos arquitônicos e urbanísticos para uma cidade com um décimo da população atual, temos dúvidas atrozes de como chegar. Vamos de pé, de carrro, de táxi, de metrô, de trem, de ônibus, de helicóptero, ou, simplesmente, não vamos?

Para aqueles que, depois de alijar todos outros modos de transportes, fica em dúvida entre o carro e um táxi, eu fiquei com o taxi. No percurso de ida foi uma beleza, e quando cheguei lá, que soube que os flanelinhas estão cobrando dez reais por vaga de estacionamento, eu fiquei certo da minha escolha. Mas, aguardem a saída, que daqui a pouco eu conto.

Mesmo antes do espetáculo começar, para mim, e para minha esposa houve outro espetáculo que foi o encontro com pessoas de Bom Conselho no teatro, com quem ficamos conversando até o seu início, sendo a conversa menor do que as lembranças que me passavam à cabeça. As pessoas encontradas eram a viúva e duas filhas do meu professor Joaldi Soares.

Desde menino, sempre tive o maior respeito e admiração pelo professor Joaldi e devo a ele muito do interesse que tive pelos estudos e pelo meu progresso pessoal. Possa até dizer que além de professor, ele foi meu amigo e até médico (que era o que ele era naquela cidade tão desprovida de profissionais da saúde). Até hoje guardo numa perna o resultado de uma de suas crueldades, como profissional zeloso, que é a marca da vacina de varíola. Foi uma alegria muito grande encontrar suas filhas e esposa e com elas conversar.

E aí começa o espetáculo. O Jessier Quirino é um artista de ponta. Destes que, tal qual Luis Gonzaga,  divulga sua gente e seu povo com humor e graça como ninguém. As histórias por ele contadas, se contadas por mim, não arrancariam um sorriso maroto de ninguém. Ele, nos faz rir com as coisas mais simples e histórias que até já ouvimos, e que em sua voz tornam-se espetaculares.

Sem querer repetir o espetáculo suponha eu contando que na infância, menino entre 10 e 12 anos só pensa em safadeza. Eu poderia contar tais histórias porque as vivi lá em nossa terra e me lembro quantas vezes, descia eu e a corriola para cortar as peias dos jumentos para eles pegarem as jumentas, enquanto ficávamos embevecidos observando. Nenhum riso, tenho certeza. No entanto, quando o Jessier Quirino refaz o diálogo dos seus personagens assim:

- Eu vou cortar tua bimba!

- Eu vou comer teu cu!

- Sem bimba?!

A plateia morre de rir, e eu com eles. Parece até diálogo de políticos atuais:

- Eu vou cortar tua verba!

- Eu vou te denunciar à imprensa!

- Sem verba?!

Ou:

- Eu vou te contar que você andou com o Cachoeira!

- Eu vou contar que andastes com o Demóstenes!

- Sem o Perillo?!

E por ai foi um grande show do artista que nos faz rir por mais de uma hora e meia, dentro de um teatro, que não tem todas as comodidades de um teatro moderno, mas tem a beleza que adoramos dos tempos dos reis e imperadores. Como se diz hoje, “tudo de bom”.

Para que eu não saia como mentiroso do “tudo de bom”, tivemos que voltar para casa e como fomos de taxi tentamos voltar em um também. E aí aprendemos que a ida é um coisa e a volta é outra, principalmente quando muitas pessoas tem a mesma ideia. Cadê os taxis?

Então o professor Joaldi continuou me ajudando através de suas filhas, que ao nos verem perdido rodando pelo teatro, gentilmente, parou o seu carro e nos deu aquela carona, a que seremos sempre gratos. Quem sabe se ainda não estaríamos lá?

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Filme feito por mim das atuais instalações do Teatro Santa Isabel que está muito bonito:

terça-feira, 19 de junho de 2012

DROGAS: "ONDE FOI QUE EU ERREI?"





Por Carlos Sena (*)

Nós, pobres mortais, modernos, vivemos cheios de orgulhos por pertencermos a uma sociedade cercada de tecnologia por todos os lados; cercada de automatização por todos os lados; de nanotecnologia por todos os lados; de câmeras por todos os lados; de controles remotos por todos os lados; cercada de internet por todos os lados... Cercados, por outro lado, por males que nunca imaginávamos com tanta prevalência como as drogas. Elas estão em nosso convívio dizimando jovens nas mais diversas categorias sociais. Diante disto, a sociedade se acha meio que em xeque mate, como que não estando preparada para esse enfrentamento. O problema maior é que enfrentar uma situação qualquer não é difícil, desde que se tenha a certeza de suas causas para então partir para o enfrentamento. Na questão das drogas, o “caldo entorna”! Enquanto os jovens estão por ai sofrendo, enveredando por outros caminhos em decorrência da dependência química, a sociedade claudica meio impotente por absoluta falta de foco no enfrentamento. Há uma tendência natural para que se encontre, primeiro, culpados. Há, por outro lado, o preconceito se instala mais fortemente, talvez por conta de não se ter, por parte das autoridades, a exata compreensão acerca das drogas, dos drogados e dos traficantes delas.

Na parte que me cabe nesse contexto, prefiro uma compreensão social mais ao alcance do cidadão do que ao alcance dos tecnicistas do serviço público que gastam horas em reuniões improdutivas  tratando do assunto, construindo teses de mestrado e doutorado, mas sem muita capacidade intervencionista. Por isto, no meu canto, conto o que penso diante do que vivencio como profissional de gestão de pessoas e dentro da praticidade que me é peculiar. Conto, por exemplo, que dos casos de jovens drogados que tive oportunidade de conhecer, a grande maioria está ligada diretamente aos poucos cuidados que os pais tiveram com seus filhos. Dito diferente: pais que não se preocuparam em dar aos seus filhos o que eles precisavam: LIMITES. Geralmente procuraram dar o que eles, pais, não tiveram quando jovens. Erro crasso, elementar, para quem, em tempos de INTERNET, quer dar aos filhos o que não tiveram no SEU tempo. Era em que o rádio disputava com a televisão (em preto e branco) os espaços de entretenimento; em que se namorava certinho e até se casavam de véu e grinalda; em que se ouvia música de qualidade; em que só se “dormia” com a namorada ou o namorado depois de casar... Grosso modo, debito essa conta aos pais – esses que estão por aí botando filho no mundo como Deus criou batata; que posam de modernos e acham que dar limites traumatiza; que dar palmadas na hora certa penaliza a formação dos filhos; que são incompetentes até pra determinar a hora dos filhos dormirem, bem como incapazes são para dividir as tarefas da casa com eles, etc., etc., etc. Filho que passa no vestibular e ganha um carro de presente, dificilmente vai dar valor ao trabalho ou mesmo a profissão. Portanto, filho tem que ser filho e pais têm que ser pais. O papel de cada um tem que ser firme e com limites bem demarcados, porque assim tem sido sempre desde que o homem é homem. Contudo, sempre tem um contudo. O homem moderno, diante de tanta modernidade tecnológica foi incompetente para modernizar as relações. Relações entre pessoas mudam nos adjetivos, mas no substantivo permanece com pouca alteração. Afinal, independente de tipo de sociedade – se moderna ou arcaica – homem se alimenta, dorme, chora, ri, morre, casa, tem filhos, tem decepções e tudo mais como sempre terá... Dá-nos a impressão que nós, por sermos modernos, quisemos modernizar nossa essência, inclusive modificando os parâmetros da educação tradicional. Certo que ela (educação) precisava ser mudada, mas o que se fez foi uma transformação como que ignorando que tudo o que havia estivesse ruim. Tá provado que não tava. As gerações do passado – aquelas para quem a escola, a educação aconteceram na modalidade, digamos, atrasada, continuam firmes, cultuam valores éticos, escrevem bem, falam bem, elaboram bem... Há exceções, como tudo, mas no geral é uma geração bem aquinhoada no que estamos querendo contextualizar.

Certamente que precisamos de muita tinta e papel para digerir esse mal das drogas que, cada dia, tem arrebatado mais os nossos jovens, principalmente com o crescimento do temível crack. Já não bastava a maconha, a cocaína, o álcool, agora vem  o crack... Que me perdoem os pais que se sentirem nesse tear de letras, mas justiça tem que ser feita: os pais, mesmo os modernosos, mas que deram algum tipo de limite rigoroso aos seus filhos, não estão padecendo com eles em clínicas de recuperação de drogados... Muitos desses filhos, além de drogados, estão se prostituindo e até roubando, assaltando e matando gente, para manter o vício das drogas. Não adianta, prezados pais, a esta altura do campeonato se perguntarem: “ONDE FOI QUE EU ERREI?”...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 30/05/2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A semana - O pastelão imobiliário





Por Zé Carlos

Este fim de semana a AGD ficou um pouco às moscas devido uma curta viagem para me travestir de Vovô Zé, embora, que vos escreve agora, sobre o filme desta semana sou eu mesmo, deixando as aventuras do bom (ou mau) velhinho para depois.

E nesta semana o filme realmente não deixa nada a dever aos melhores filmes pastelões e programas humorísticos de TV, e com ele dei boas risadas. E como me senti cruel e sem coração quando fiz isto de coisas que deveria ser encaradas com choros e velas. No entanto, está ficando quase impossível levar esta CPMI do Cachoeira a sério.

No episódio de hoje o que temos é mais um estudo do mercado imobiliário de Brasília, com todas suas possíveis falcatruas em período de subida de preço dos imóveis, e sua possível especulação, inclusive a política.

Um governador vendeu uma casa, recebeu em cheques que não eram do comprador, não olhou de quem eram, depois de tê-los guardados por alguns meses, pois eram pré-datados. Somente agora descobre que o dono dos cheques era uma empresa ligada ao contraventor Cachoeira, depois que houve repasses e mais repasses em dinheiro vivo, em nota de 100 e de 50 como declara outro transacionador. Um dia li um texto do DP sobre a “mulher de César” e que vem muito a calhar. E neste caso, tenho certeza, o César se separaria dela pois nada me pareceu honesta na história, apesar de poder ter acontecido o contrário.

Um outro governador, cujo patrimônio aumento em 1000% em poucos anos, não entende nada de mercado imobiliário, mas este aumento, segundo os senadores avaliadores foi empregado numa casa. Outra vez, penso eu, o César se divorciaria da mulher.

Enfim, vejam o filme e seus flashs de programas de auditório, seguido pela apresentação de um advogado que defende todos os brasileiros, desde que eles sejam ricos e famosos. Não tem jeito, seguindo um outro caso que não é aproveitado no filme, onde um ex-ministro da justiça defende a limpeza das águas de uma cachoeira, há de se concluir que no Brasil, o grande defeito é não ter 15 milhões de reais.

Talvez o meu amigo Cleómenes de Oliveira, com sua objetividade nos desse uma solução para a justiça brasileira que seria a seguinte: Quem tiver mais de determinada quantia de patrimônio deveria só ter direito à Defensoria Pública. Ou seja, advogado pago só para pobres.

Fiquem com o resumo do filme da UOL abaixo e vejam o filme em seguida, e comecem a semana rindo, se puderem.

“O Escuta Essa! deste sábado (16) traz um resumo dos depoimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). As suspeitas de que o bicheiro Carlinhos Cachoeira esteja envolvido na venda da casa de Perillo e a desconfiança sobre a fonte de recursos para a compra da residência de Queiroz estiveram entre os principais temas abordados na CPI. Além disso, a Comissão, que deveria ser de inquérito, serviu também para propaganda e bajulação dos governadores.”

sábado, 16 de junho de 2012

Nosso mundo de tragédias





Por José Fernandes Costa

Em texto recentemente publicado na Gazeta Digital de Bom Conselho, a amiga Maria Caliel de Siqueira fala a respeito de tragédias.  Aquilo me pareceu tema para reflexão, ao tempo em que pode revelar algumas dificuldades no dia a dia da autora. – Coisas que todos têm.

Mas o que seriam tragédias? – As guerras, os terremotos, maremotos, enfim, esses tormentos coletivos? Cremos que estes estão mais para catástrofes, calamidades etc. – Porém, afora os desastres coletivos, existem muitas tragédias particulares, isto é, no seio das famílias.

No início do ano de 2010, um jovem de 22 anos, Alcides Nascimento Lins, estudante de biomedicina, foi executado, fria e covardemente, por dois marginais que procuravam um sujeito pra matar. – E abordaram Alcides, vizinho do indivíduo procurado pelos ditos bandidos. Queriam pistas para localizar a sua caça. Como Alcides não sabia informar, foi abatido com dois tiros na testa. – Possivelmente, a motivação da procura ao vizinho de Alcides foi drogas.

Aquilo foi uma tragédia para Dª Maria Luiza e suas filhas. – Maria Luiza ex-catadora de lixo, mãe de Alcides, havia botado o filho e as filhas pra estudar em escolas públicas. Alcides fora classificado em 1º lugar, entre seus pares, no vestibular da UFPE, para ingressar em biomédicas. E estava sendo exemplo para os moradores da Vila Santa Luzia, na Torre – Recife, onde moravam. – Extinguiu-se uma vida; acabou-se um sonho.

Na sexta-feira, 1º de junho em curso, um adolescente de 17 anos, estudante aplicado, do ensino médio, foi igualmente executado impiedosamente por dois marginais que procuravam, para matar, o irmão daquele adolescente morto.  Conforme notícias da imprensa, o rapaz procurado fugiu ao ver seus possíveis algozes. Ele tem 16 anos e dizem que é envolvido com drogas ilícitas. – Assim, morreu seu irmão, inocentemente. – Isso caracteriza mais uma desgraça no âmbito de uma família e da comunidade.

Por força de circunstâncias, há alguns meses, eu venho participando de debates, que me fazem enxergar determinados problemas que recaem sobre diversas famílias. Com isso, pude notar, em pouco tempo, que tais desgraças são verdadeiras tragédias vividas por inúmeras famílias.

Refiro-me aos conflitos vividos por dependentes químicos, os quais atingem em cheio seus familiares e demais pessoas ao seu redor. – Longe de pensarmos que essa degradação só acontece nas periferias, onde a pobreza campeia.

Esses indivíduos, por razões as mais diversas, ingressam no consumo das drogas. – Sejam estas o álcool, a cocaína, o crack, a maconha etc. Como agravante, ainda, há a associação de alguns desses entorpecentes pela mesma pessoa. –Todo esse processo tem causas atinentes à personalidade de cada um.

De outro modo, é voz corrente, na psicoterapia, que ninguém entra nas drogas pra se tornar dependente. – Todos (as) começam buscando divertimento, um pouco de prazer ou mera experiência que seria inconsequente. Os que experimentam se dizem seguros de que é só uma provada boba e nada mais. E Ainda: que só fumam ou cheiram enquanto quiserem. Que no dia que queiram, largam o experimento, que consideram coisa de otários etc.

Pura ilusão: o vício, aos poucos e rapidamente, passa a dominar o usuário, de forma assustadora. Acaba com quaisquer projetos de vida, quais sejam: família, estudo, trabalho, lazer, atividades esportivas e sociais etc. E o pior, vale repetir: além de destruir o viciado, destrói a família deste. Afasta seus ex-amigos e muito mais. – O sofrimento é terrível para todos os que tenham a desdita de se deparar com tamanho infortúnio. – E se alguém acha que o drogado não sofre, é percepção errônea. Porque este sofre e sofre muito.

Nos debates a que me reporto, os dependentes participam ao lado de suas famílias. Isto é, os que têm família e esta compreende a dependência como sendo doença. – E nessas reuniões tenho ouvido depoimentos os mais alarmantes possíveis, tanto dos usuários, quanto das famílias deles. – Ficamos estarrecidos com a força das drogas aniquilando pessoas inteiramente. – Força estranha que corrói as vítimas e reduz demasiadamente a capacidade de ação dos seus familiares! – Ali encontramos usuários com idade que varia entre 20 anos a 60 e poucos anos. Uns com mais de 20 ou 30 anos no uso das drogas. E outros que estão ainda começando. – Todos de classe média.

Como exemplo dos inúmeros depoimentos ouvidos, cito dois para ilustração: 1º - De um usuário de 48 anos: “Pedi a meu pai hoje pra pagar ao traficante. E ele me perguntou: ‘até quando isso vai durar, filho’? – Respondi: Não sei.” – 2º - De um pai: “Muitas vezes saí de casa às três horas da madrugada, para ir buscar esse rapaz dentro de uma favela, numa rodada de crack.”

Essa é uma realidade terrível, em que sofrem todos: esposas, filhos, pais e demais parentes próximos que vivem a tortura da incerteza, com respeito ao amanhã. – Porque essa doença, mesmo não sendo terminal, não tem cura definitiva. – Ninguém garante a recuperação definitiva do drogado.

Há, contudo, percentual pequeno de alguns que abraçaram o vício e, com tratamento continuado e bastante esforço, conseguem manter a abstenção, por anos e anos. – Mas a vigilância tem de ser constante. Assim como é constante a tentação da recaída. E isso dura enquanto tais vítimas vida tiverem. – Por consequência, elas têm de ser acompanhadas por psicoterapeutas e outros profissionais especializados, durante todo o resto de suas vidas. – Há os que chegam a passar dez ou mais anos em abstinência. Mas, quando menos se espera, vem o recaimento.

Não há esperança de cura definitiva. O que há é a expectativa angustiante da persistência do problema. É o desespero de quem viverá assustado pelo resto da vida. As famílias sofrem porque o seu ente querido está destruindo a própria vida e a vida de todos os seus. – E os planos de vida que habitavam o imaginário dessas pessoas, de hora para outra, quer de um, quer dos outros, vão por água abaixo.

Inevitavelmente o vício leva à morte. E os viciados têm ciência disso. – Então, que força tão estranha é essa que faz uma pessoa fazer aliança com a morte, renunciando aos bens da vida? – Pergunta sem resposta!

Enquanto esse infortúnio não chega às nossas portas (e Deus permita que nunca chegue), não fazemos ideia da dimensão desse flagelo. Considerando o alastramento desse enorme mal nas sociedades “modernas”, cada qual que peça a Deus para não se deparar com semelhante desastre. – Em consequência do consumo de drogas, os dependentes adquirem depressão profunda. E, a cada recaída, esse imenso sofrimento é multiplicado. – Mas a força desse terrível mal está sempre puxando essas vítimas para o fundo do poço. É o inferno aqui na terra. – É ISSO./.